
Naquele dia 28 de dezembro, o gaúcho da cidade de Taquara
levantou sua primeira taça como técnico com apenas 31 anos de idade.
Curiosamente, comandando justamente a única equipe pela qual atuou na
curtíssima passagem como jogador.
A vida de zagueiro profissional teve início em 1942, quando
o clube ainda se chamava Palestra – Brandão foi coadjuvante na campanha que
culminou naArrancada
Heroica –, e terminou já em 1943, após sofrer uma grave contusão na
perna. Se, por um lado, a lesão foi uma tragédia, por outro fez com que o
Brandão rapidamente passasse a fazer o que mais sabia: comandar e motivar um
time de futebol. Apoiado pela diretoria palmeirense e por seus ex-companheiros
de equipe, o ex-zagueiro fez uma escolha um tanto quanto pretensiosa e, com
menos de dois anos longe da bola, decidiu voltar aos gramados, desta vez na
condição de treinador.
Brandão assumiu o Palmeiras pela primeira vez em 1945,
sucedendo seu ex-treinador, Armando Del Debbio. Em sua primeira passagem pelo
Verdão, permaneceu por pouco tempo, mas com bons números: disputou 19 jogos,
venceu 13, empatou 5 e perdeu apenas 1.
O sucessor de Brandão foi ninguém menos que Junqueira, seu
ex-capitão e companheiro de time nos tempos de jogador. Junqueira havia
encerrado sua brilhantíssima carreira como zagueiro ironicamente no mesmo
período em que Brandão estreava como técnico. Assumindo o controle do Verdão já
no jogo seguinte à saga do jovem gaúcho, Junqueira não deixou Brandão se
despedir sem antes lhe convidar para participar de uma partida amistosa entre
Palmeiras e Botafogo-RJ, na qual voltaria a atuar como jogador. Apesar da falta
de ritmo de jogo, Brandão jogou muito bem e ajudou o Palmeiras a vencer por 2 a
1. A vitória rendeu ao time paulistano a taça Armando Albano, que levava este
nome em homenagem ao ex-jogador de basquete do Palestra Italia e do Botafogo
nos anos 30 e 40, vítima de uma fatalidade em quadra quando atuava pelo clube
carioca.

Após o bom desempenho obtido em sua primeira passagem, entre
outubro de 1945 e março de 1946, Brandão retornou ao banco palmeirense em abril
de 1947 para realizar um feito ainda mais impressionante. Quando assumiu o time
pela segunda vez, sucedeu o técnico Ventura Cambon, que vinha de uma sequência
de quatro derrotas. O cenário no Verdão era preocupante, mas mudou radicalmente
após a volta de Brandão. A equipe imediatamente atingiu uma sequência invicta
de sete partidas e ganhou combustível suficiente para iniciar o Campeonato
Paulista com força total.
O Palmeiras acumulou pontos importantes logo de cara no
Paulistão, vencendo as cinco primeiras partidas da competição com certa
tranquilidade. Curiosamente, o Palmeiras não sofreu gols naqueles cinco
primeiros jogos e, por isso, o jornal A Gazeta Esportiva ofereceu como prêmio
uma geladeira para o jogador que conseguisse marcar um gol no arqueiro
palmeirense Oberdan Cattani. O tabu foi quebrado em um jogo diante do rival
Corinthians. O Palmeiras vencia por 2 a 0 até que o corintiano Milani arriscou
uma bomba de fora da área e o zagueiro palmeirense Turcão, ao tentar desviar,
colocou a bola para dentro das redes – os mais maldosos afirmam que Turcão fez
o gol propositalmente para poder ganhar a geladeira. Verdade ou não, o fato é
que na semana seguinte do jogo foi entregue uma geladeira na casa de Turcão.
Anos após este episódio, o ex-zagueiro falou sobre o assunto e, em tom bom
humorado, insistiu que tudo não passou de uma mera coincidência, pois pouco
tempo antes do ele havia comprado uma geladeira por méritos próprios. Para
sorte de Turcão, o Palmeiras ainda marcou o derradeiro gol da partida com
Canhotinho e venceu o prélio diante dos rivais alvinegros por 3 a 1.
Com apenas uma derrota em todo o Campeonato Paulista, o
Verdão liderava a competição mantendo quatro pontos de vantagem em relação ao
vice-líder Corinthians. Na penúltima rodada, porém, o Palmeiras liquidou todas
as chances possíveis dos rivais. Enfrentando o Santos na Vila Belmiro, o
Alviverde venceu por 2 a 1 (gols de Turcão e Arturzinho) e conquistou o título
paulista de 1947 com uma campanha incrível. No total, foram 20 jogos, 17
vitórias, 2 empates e apenas 1 derrota. O Palmeiras balançou as redes
adversárias 46 vezes e sofreu apenas 16 gols.
Após conquistar seu primeiro título como treinador, Brandão
deixou o Palmeiras com a promessa de que um dia voltaria para sentir novamente
a emoção de ser campeão com o Verdão. E, anos mais tarde, a promessa foi
cumprida em grande estilo. Com total apoio da diretoria palmeirense, Brandão
voltou em 1958 para montar um supertime que foi capaz de consagrar-se campeão
diante do poderoso Santos de Pelé no ano seguinte, quebrando assim um jejum de
títulos que já estava incomodando a torcida havia quase oito anos. Naquele
período, o mestre – que já estava mais experiente, pois havia conquistado mais
títulos em outros clubes –, montou a base da Primeira Academia ao trazer
craques como Chinesinho, Valdir de Moraes, Julinho Botelho e Djalma Santos.
Desta vez, Brandão permaneceu mais tempo no cargo em comparação àquela passagem
de 1947. Ficou de 1958 a 1960 e, além do Paulistão de 1959, faturou também a
Taça Brasil de 1960, o primeiro título brasileiro da história do Palmeiras.
Nos anos 70, Brandão teve outra passagem pelo clube, ainda
mais marcante que a anterior. No comando da Segunda Academia, o treinador
colecionou troféus, conquistando o Campeonato Paulista de 1972 de maneira
invicta, os Campeonatos Brasileiros de 1972 e 1973, o Troféu Ramón de
Carranza-ESP de 1974 e mais um Estadual, o famoso Paulistão de 1974 diante do
Corinthians, acabando com as esperanças do rival de sair do jejum de títulos
que já durava mais de 20 anos.
Após sua saída em 1974, Brandão teve outras passagens pelo
Palmeiras (em 1975 e em 1980), mas não conquistou títulos. O mestre também
inspirou seu pupilo Dudu, volante das chamadas Academias, a tornar-se
treinador. Dudu comandou o Palmeiras em 1976, conquistando o título paulista
que seria o último do Palmeiras até a chegada da Parmalat, em 1993.

No total, Oswaldo Brandão comandou o Palmeiras 584 vezes – é
o técnico que mais treinou o Verdão em toda história. Obteve 340 vitórias, 151
e apenas 93 derrotas. Morreu no dia 29 de julho de 1989, em São Paulo, aos 72
anos.
Números como jogador
Jogos: 34
Vitórias: 22
Derrotas: 6
Empates: 6
Gols: 3
Vitórias: 22
Derrotas: 6
Empates: 6
Gols: 3
Títulos como jogador
Campeonato Paulista: 1942
Números como treinador do Palmeiras
Jogos: 584
Vitórias: 340
Derrotas: 151
Empates: 93
Vitórias: 340
Derrotas: 151
Empates: 93
Títulos como treinador do Palmeiras
Campeonato Brasileiro: 1960, 1972 e 1973
Campeonato Paulista: 1947, 1959, 1972 (invicto) e 1974.
Troféu Ramón de Carranza-ESP: 1974
Torneio de Mar Del Plata-ARG: 1972
Torneio Laudo Natel: 1972
Campeonato Paulista: 1947, 1959, 1972 (invicto) e 1974.
Troféu Ramón de Carranza-ESP: 1974
Torneio de Mar Del Plata-ARG: 1972
Torneio Laudo Natel: 1972
Títulos como treinador de outros clubes
Campeonato Argentino: 1967, pelo Independiente
Campeonato Paulista: 1954 e 1977, pelo Corinthians, e 1971, pelo São Paulo
Torneio Rio-São Paulo: 1952, pela Portuguesa, e 1953,1954 e 1966, pelo Corinthians
Supercopa dos Campeões Intercontinentais: 1969, pelo Peñarol (Uruguai)
Torneio Bicentenário dos EUA: 1976, pela seleção brasileira
Campeonato Paulista: 1954 e 1977, pelo Corinthians, e 1971, pelo São Paulo
Torneio Rio-São Paulo: 1952, pela Portuguesa, e 1953,1954 e 1966, pelo Corinthians
Supercopa dos Campeões Intercontinentais: 1969, pelo Peñarol (Uruguai)
Torneio Bicentenário dos EUA: 1976, pela seleção brasileira
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